“(…) homens com infertilidade conjugal, varicocele clínica (no exame físico), alteração na análise seminal (espermograma), aumento da fragmentação do DNA espermático ou baixa dosagem de testosterona têm como a primeira opção o tratamento cirúrgico”.
A infertilidade conjugal é uma doença definida pela OMS como a ausência de gestação após 12 meses de relação sexual sem contraceptivo, que incide em 15% dos casais e é caracterizada por ter causas femininas e masculinas. A porcentagem dos fatores masculinos e femininos é igual e ao redor de 40%.
Qual o meio de diagnosticar infertilidade masculina?
Como a definição é clínica e depende de um tempo de tentativa, só saberemos ao final de 12 meses se o casal tem infertilidade. Em algumas situações o diagnóstico é dado pela análise seminal (espermograma) nos casos de azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado), não necessitando esperar 12 meses de tentativa. Doenças pré-existentes e que causam infertilidade também não precisam esperar 12 meses para o diagnóstico.
Como tratar a infertilidade masculina?
O tratamento depende da causa da infertilidade, se ela é conhecida e admite tratamento clínico ou cirúrgico com resultados comprovados e de consenso.
Tratamento cirúrgico
1 – Varicocele
Já temos no Portal da Urologia textos que falam sobre a doença e seremos objetivos em dizer que homens com infertilidade conjugal, varicocele clínica (no exame físico), alteração na análise seminal (espermograma), aumento da fragmentação do DNA espermático ou baixa dosagem de testosterona têm como a primeira opção o tratamento cirúrgico, pela via subinguinal e microcirúrgica.
2 – Vasectomia
Os homens vasectomizados que desejam ter filhos novamente têm como primeira opção de tratamento a reversão de vasectomia. Importante é esclarecer que o tempo de vasectomia não é fator limitante para a indicação da reversão e que a avaliação da parceira é fundamental para a indicação segura, pois caso exista falência ovariana ou obstrução tubária, devemos mudar a opção.
3 – Ressecção de ducto ejaculatório
A obstrução dos ductos ejaculatórios é uma ocorrência rara e com diferentes causas, mas que pode ser tratada com a desobstrução dos ductos por cirurgia endoscópica realizada pela uretra.
Tratamento clínico
Nesta opção temos as infecções do trato genital, ejaculação retrógrada e disfunções hormonais, que são tratadas com medicação específica para cada caso.
Tratamento com reprodução assistida
Vamos nos ater aqui aos tratamentos de fertilização, realizados quando não sabemos a causa (causa idiopática), para quando a causa não tem tratamento efetivo (causa genética, por exemplo) ou quando o casal opta por não tratar a causa (homem com vasectomia, por exemplo).
Temos dois grupos de tratamentos:
1 – Baixa complexidade
Inseminação intrauterina (IIU)
2 – Alta complexidade
Fertilização “in vitro” clássica (FIV)
Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI)
Qual a diferença entre IIU, FIV e ICSI?
Na IIU a fertilização ocorre dentro do corpo da mãe, sem a necessidade de retirar o óvulo do ovário. A IIU baseia-se no estímulo ovariano com citrato de clomifeno ou gonadotrofina para que sejam desenvolvidos até três óvulos contando os dois ovários. Controla-se o desenvolvimento dos óvulos e em um momento adequado prepara-se o sêmen no laboratório com o objetivo de separar os espermatozoides ativos e injetamos esse sêmen processado no útero através de um cateter especial.
Na FIV e na ICSI, também fazemos estímulo ovariano, porém de maior intensidade para que se desenvolvam mais óvulos nos ovários. Acompanhamos o desenvolvimento dos óvulos e em um momento determinado a paciente é levada à clínica para ser submetida a aspiração dos óvulos. Essa retirada dos óvulos é realizada sob sedação e guiada por ultrassonografia. Após serem retirados, os óvulos vão para o laboratório de manipulação de gametas e é lá que acontece a fertilização e o cultivo dos embriões. Após 3 ou 5 dias de cultivo os embriões são transferidos ao útero através de um cateter de transferência.
É assim que a medicina ajuda os casais inférteis a engravidar. Dúvidas? Converse com o seu urologista.
Dr. Marcelo Vieira – São Paulo, SP.
Fonte: Portal da Urologia.