“(…) a ‘fratura’ peniana só acontece se o paciente estiver com o pênis ereto e ocorrer um trauma. Em praticamente todos os casos, a fratura acontece quando o paciente está tendo uma relação sexual”
Tratamento consiste em cirurgia com sutura da região lesionada
O pênis não tem osso, portanto, não cabe se falar em “fratura peniana”. No entanto, devido à utilização muito frequente dessa denominação, o termo acabou se popularizando. Para explicar melhor a “fratura peniana”, temos que saber um pouco o que é a ereção.
Na realidade, a ereção é um acúmulo de sangue em duas estruturas chamadas de corpos cavernosos. São dois cilindros, como se fossem duas “câmaras de ar” paralelas. Quando o pênis fica ereto, essas câmaras estão cheias de sangue a alta pressão. Fazendo correlação entre uma câmara de ar e o corpo cavernoso, pode-se dizer que a borracha da câmara de ar é a túnica albugínea do corpo cavernoso.
Quando ocorre um trauma no pênis ereto e a força aplicada na túnica albugínea é muito grande, ocorre a laceração desta estrutura e o indivíduo perde imediatamente a ereção. Ocorre a saída de sangue dos corpos cavernosos e se forma um hematoma muito grande no pênis. Geralmente, o paciente refere que escuta um “estalo”, que seria o som do rompimento da túnica albugínea.
Como se observa, a “fratura” peniana só acontece se o paciente estiver com o pênis ereto e ocorrer um trauma. Em praticamente todos os casos, a fratura acontece quando o paciente está tendo uma relação sexual. Raros são os casos em que o trauma acontece durante a masturbação.
Em artigo científico publicado recentemente, observou-se que, na grande maioria dos casos, esse trauma acontece quando a mulher está por cima do homem. O homem deitado e a mulher sentada sobre o pênis do parceiro. Durante o intercurso sexual, o pênis sai da vagina e, no momento da penetração, por algum motivo, como por exemplo a mulher se mexeu, o pênis não entra na vagina e é traumatizado de encontro ao períneo ou qualquer outra parte da mulher. Ocorre, assim, o trauma, gera uma força muito grande na túnica albugínea, que se rompe e ocasiona o extravasamento de sangue gerando o grande hematoma. Parece que a fratura é mais fácil de ocorrer quando o homem apresenta ereção com rigidez parcial, favorecendo o encurvamento do pênis, maior tração da túnica albugínea e consequente laceração do corpo cavernoso.
O tratamento é cirúrgico. A laceração da túnica albugínea precisa ser fechada através de uma sutura com fios (costura) e o paciente deve permanecer sem ter relações sexuais por, pelo menos, quatro semanas.
Portanto, a fratura peniana é um evento bastante traumático para o paciente e sua parceira. Conhecendo melhor o mecanismo da laceração da túnica albugínea, pode-se evitar esse transtorno tomando alguns cuidados, principalmente relacionados à posição durante o ato sexual.
Dr. Adriano Fregonesi – Campinas, SP
Fonte: Portal da Urologia