A puberdade é um processo em que a criança se prepara para maturidade, ocorrendo o crescimento e desenvolvimento do corpo para o período adulto que está por vir. A vasta maioria dos meninos inicia puberdade entre 9 e 14 anos.
As mudanças dessa fase da vida decorrem do “despertar” das glândulas endócrinas cerebrais, chamadas de hipotálamo e hipófise. Essas produzem hormônios mensageiros (LH e FSH), que conversam com os testículos, os quais, por sua vez, iniciam a produção da testosterona. Adicionalmente, as glândulas suprarrenais (que ficam logo acima dos rins) também participam desse processo de amadurecimento, sendo outra fonte de produção de testosterona, mas pequena quantidade.
Em consequência dessa ação orquestrada hormonal durante a puberdade, ocorrem aumento dos testículos, pênis, odor do corpo, surgimento de pelos axilares e pubianos, engrossamento da voz, estirão do crescimento e acne, entre outras manifestações.
A puberdade atrasada ocorre quando não há sinais de puberdade aos 14 anos de idade no menino. Quando a puberdade se atrasa, as mudanças no corpo podem não evoluir normalmente. Esse fato gera angústia nos pais e no adolescente, afetando o bem-estar psicossocial dessas famílias. O papel do clínico pediatra, endocrinologista/endocrinologista pediátrico, em conjunto com a família, é imprescindível para a realização da investigação diagnóstica correta de cada condição específica e seguimento desses meninos.
Principais causas de puberdade atrasada nos meninos:
Atraso constitucional do crescimento e da puberdade – nesses casos, o “despertar” da puberdade ocorre um pouco mais tarde, mas sem que haja prejuízos para os meninos. Essa forma é considerada uma variação do normal e tem uma tendência familiar.
Doenças crônicas e outras (doença renal crônica, doença celíaca, diabetes, desnutrição, anemia falciforme, doença inflamatória intestinal, fibrose cística, anorexia, bulimia, atividade física excessiva, doenças autoimunes e outras) – esses são alguns exemplos de condições que atrapalham as ações orquestradas das glândulas endócrinas cerebrais e testículos, atrapalhando o estímulo da puberdade.
Doenças do testículo adquiridas durante a infância/adolescência (caxumba, torção do testículo, quimioterapia e traumas) – devido ao acometimento exclusivo dos testículos por essas condições, a produção natural de testosterona fica extremamente prejudicada, impedindo o desenvolvimento da puberdade desses meninos.
Síndrome de Klinefelter: condição genética que afeta 1:500 meninos, impede o funcionamento do testículo e leva à não produção de testosterona, impedindo o desenvolvimento correto da puberdade.
Doenças do hipotálamo e/ou hipófise (hipopituitarismo, traumas nessa região, cirurgia, craniofaringioma, adenoma e condições genéticas raras – Síndrome de Kallman) – tais doenças impedem a produção dos hormônios cerebrais LH e FSH. Dessa forma, não ocorre a transmissão de mensagens hormonais orquestradas do cérebro até os testículos. Consequentemente, a produção de testosterona não ocorre e a puberdade não evolui.
Dra. Flávia Amanda Costa Barbosa, médica especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), doutorado em Endocrinologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp/EPM e research fellow – Harvard Reproductive Endocrine Sciences Center – Harvard Medical School, Boston (EUA)
Fonte: Portal da Urologia