Conclusão é de pesquisa nacional. A redução do hormônio masculino com a idade, conhecida popularmente como andropausa, afeta de 15 a 20% dos homens acima dos 50 anos
Grande parte dos brasileiros não desconfia que a obesidade é um dos principais fatores relacionados à andropausa, condição multifatorial caracterizada pela queda dos níveis de testosterona em homens, também conhecida como hipogonadismo. Em pesquisa recente, realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com o Laboratório Bayer, cerca de 83% dos homens maduros (50 aos 70 anos) não relacionaram a obesidade à condição e, entre os mais jovens (18 aos 22 anos), o número sobe para 89%.
A pesquisa realizada com 2.000 homens de sete capitais (Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo) aponta que a população masculina mais madura credita a redução de testosterona principalmente ao excesso de trabalho e estresse do dia a dia (20%) e mudanças nos níveis hormonais (18%). Entre os mais jovens, a falta de qualidade de vida (24%) e, também, as mudanças nos níveis hormonais (20%) foram as mais citadas. A obesidade foi lembrada por 17% na faixa etária mais elevada e por 11% na mais baixa.
Entre as preocupações masculinas ligadas à saúde, a pesquisa apontou que as doenças que mais os afligem são as cardiovasculares (33% entre os mais maduros e 25% entre os mais jovens) seguidas da impotência sexual (20% em ambas as faixas etárias). A obesidade foi apontada pelos entrevistados em um percentual menos expressivo, 6% entre os mais maduros e 12% entre os mais jovens.
Hoje, a obesidade é apontada pela Organização Mundial da Saúde como um dos maiores problemas de saúde pública, com um enorme impacto econômico na sociedade. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. Já no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a doença vem crescendo cada vez mais, e levantamentos apontam que mais de 50% da população brasileira já está acima do peso.
Entre os impactos negativos que a obesidade pode causar à saúde do homem estão o maior risco de aterosclerose, diabetes, síndrome metabólica, doença hepática gordurosa não alcoólica, problemas cardíacos e disfunção erétil (popularmente chamada de impotência sexual), o que prova que a doença representa um sério fator de risco para a redução da qualidade e da expectativa de vida.
“Alertamos que estar fora do peso é um risco para a saúde dos homens, pois pode desencadear várias doenças como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, bem como influenciar o surgimento do hipogonadismo em homens maduros, isso porque o excesso de tecido adiposo altera o funcionamento da hipófise e dos testículos, inibindo a produção da testosterona. Esse quadro é mais acentuado a partir dos 45 anos”, reforça o urologista Archimedes Nardozza Jr., presidente da SBU.
A queda da testosterona traz diversos problemas aos homens e prejudica diretamente a qualidade de vida ao provocar alterações de humor, cansaço, sensação de perda de energia e diminuição das massas óssea e muscular. Além disso, afeta também a vida sexual ao diminuir a libido e desencadear a disfunção erétil, o que é uma preocupação para um número significativo de homens como aponta a pesquisa.
Um problema que tem solução
Por ser considerada uma doença crônica, a obesidade necessita de intervenção médica, pois sem tratamento contribui de forma significativa para uma série de efeitos adversos sobre o sistema cardiovascular. Assim, a perda de peso nestes pacientes, em qualquer momento da vida adulta, pode resultar em benefício para a saúde. “Para viver com saúde e qualidade, além de buscar uma alimentação saudável e a prática de atividade física, é preciso reforçar a importância da consulta médica e da realização de exames periódicos. Dessa forma, se existir alguma anormalidade, o médico irá avaliar e indicar o tratamento adequado”, completa Dr. Archimedes.
Um estudo publicado neste ano no International Journal of Obesity avaliou prospectivamente 411 homens hipogonádicos e obesos que foram tratados com reposição hormonal, durante um período de 8 anos e foi observada significativa perda de peso na maior parte deles (perda de peso > 10% em mais de 65% dos pacientes). A reposição de testosterona em homens com hipogonadismo tem como objetivo normalizar os níveis hormonais e controlar os sinais e sintomas relacionados ao problema. Segundo o Dr. Farid Saad, coautor do estudo, “a reposição de testosterona em pacientes com hipogonadismo em longo prazo foi associada com aumento de massa magra, redução de peso e da circunferência abdominal”.
Fonte: Portal da Urologia