Xixi na Cama é doença? Sim, e atinge 15% das crianças acima de 5 anos!
Fazer xixi na cama após os 5 anos é uma doença que atinge cerca de 15% das crianças. Se seu filho faz parte desse número, não o reprima, procure ajuda médica para tratá-lo. Punir a criança pode piorar ainda mais seus sintomas e sua qualidade de vida. Conheça mais a doença chamada de enurese noturna.
– O que é enurese noturna?
Enurese é a perda involuntária de urina durante o sono após os 5 anos.
“44% das crianças cujo um dos pais teve enurese e 77% daquelas que ambos os pais tiveram enurese terão enurese”
– Poderia explicar quais são os tipos de enurese noturna?
Classificação da Enurese
* Quanto ao tempo de início
Primária: Quando a criança sempre teve enurese.
Secundária: Quando a criança ficou pelo menos 6 meses sem apresentar enurese e voltou a apresentar.
* Quanto aos sintomas
Monossintomática: O único sintoma é a enurese.
Não monossintomática: Quando, além da enurese, a criança apresenta outros sintomas miccionais, como urgência, incontinência, etc.
– Quando procurar um médico para auxílio?
Se, após os 5 anos, a criança ainda apresentar enurese.
– Quais são as causas da enurese noturna?
A enurese tem causas multifatoriais, sendo as principais:
- Genética: 44% das crianças cujo um dos pais teve enurese e 77% daquelas que ambos os pais tiveram enurese terão enurese.
- Poliúria Noturna: Algumas crianças com enurese apresentam uma alteração na secreção noturna do ADH (Hormônio Antidiurético) e terão a produção de urina aumentada durante a noite.
- Hiperatividade Vesical Noturna: Algumas crianças apresentam contrações involuntárias da bexiga durante o sono, que causam a perda de urina.
- Distúrbios do Sono e Despertar: Criança com enurese tem dificuldade de despertar, não acordando com os sinais da bexiga cheia ou com a contração da mesma (hiperatividade vesical).
– Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito, basicamente, através de uma história clínica bem detalhada, quando o médico obtém os dados e detalhes dos sintomas da crianças e com uso de um instrumento chamado Diário Miccional, no qual se avalia o padrão miccional da criança durante o dia e o volume que ela urina durante a noite.
– Quais são os tratamentos existentes hoje em dia para o problema?
O tratamento da enurese deve ser individualizado, sendo que cada criança, dependendo do tipo de enurese que apresenta, responderá melhor a um tipo de tratamento. É importante lembrar que a resposta ao tratamento da enurese é lenta e o envolvimento e participação tanto da criança quanto da família são extremamente importantes para o sucesso.
- Tratamento Comportamental: Feito em todas as crianças em conjunto com os outros tratamentos. Baseia-se na mudança de alguns hábitos, como a redução da ingestão de líquidos à noite e aumento da ingestão no início do dia, orientação para urinar em intervalos regulares de cerca de 3 horas durante o dia, ao acordar e antes de dormir; reduzir o consumo de alimentos que contêm cafeína e alimento cítricos; reduzir o consumo de sal, principalmente no final do dia. Além disso, usa-se um instrumento chamado de Diário de Noites Secas, no qual os episódios de enurese são anotados. Esse diário, além de estimular a criança, serve para controle do tratamento.
- Tratamento de Condicionamento (Alarme): Uso de um dispositivo de alarme, que é colocado próximo à cabeceira da cama da criança e que contém um sensor de umidade colocado dentro da roupa íntima ou como um pequeno tapete sob o lençol. Esse sensor de umidade, quando molhado, aciona e dispara o alarme para acordar a criança, que ao longo do tempo de uso será condicionada a perceber a bexiga cheia e não mais terá episódios de enurese.
- Tratamento Medicamentoso: O principal medicamento disponível no mercado é a desmopressina, que age diminuindo a produção de urina durante a noite, portanto age melhor nas crianças com poliúria noturna.
Outros medicamentos, como os anticolinérgicos, têm resultados ruins, mas podem ser usados naqueles casos em que a criança apresenta enurese não monossintomática, com sintomas de urgência. Os antidepressivos tricíclicos, como a Imipramina, apresentam resultados muito ruins e têm risco de intoxicação se usados em doses erradas, portanto, são raramente indicados.
Dr. Jose Murillo Bastos Netto – Juiz de Fora, MG.
Fonte: Portal da Urologia, http://portaldaurologia.org.br/