Hidrocele é o acúmulo de líquidos entre os tecidos do escroto (saco que acomoda os testículos), decorrente de diversas causas. Este acúmulo, por si só, não resulta em diminuição da função dos testículos, mas sua causa deve ser investigada por poder estar associada a outras doenças importantes.
Existe normalmente, em indivíduos saudáveis, um pequeno volume de líquido (de 1 a 3 ml) envolvendo os testículos, com função de mantê-los lubrificados. Quando há um desequilíbrio entre a produção e a absorção desses líquidos, aparece a hidrocele, cujo principal sintoma é o aumento de volume do órgão, uni ou bilateral.
A hidrocele pode aparecer tanto nas crianças quanto em indivíduos adultos, tendo diferentes causas em cada grupo etário.
Causas
Durante a formação do feto, ainda na vida intra-uterina, os testículos formam-se no interior da cavidade abdominal (“dentro da barriga”). À medida que o bebê cresce, os testículos descem progressivamente até ocuparem a bolsa escrotal. O trajeto percorrido pelo órgão deve fechar-se naturalmente com o tempo. Caso isso não ocorra, líquidos da cavidade abdominal escoam para o interior do saco escrotal através do defeito, acumulando-se e provocando hidrocele nas crianças.
No adulto, no entanto, freqüentemente é a absorção dos líquidos peri-testiculares (líquidos que circundam os testículos) que está prejudicada, em decorrência da presença de processos inflamatórios acometendo estruturas vizinhas (epididimite ou inflamação do epidídimo que são estruturas que se situam ao lado dos testículos, orquite ou inflamação dos testículos), traumatismos, obstruções dos vasos linfáticos ou mesmo tumores. A dificuldade de drenar os líquidos responsáveis pela lubrificação testicular faz com que eles se acumulem na bolsa escrotal.
Sintomas
O sintoma mais marcante é o aumento indolor (mas desconfortável) do volume escrotal, que pode ser unilateral (só acomete um testículo) ou bilateral (acometem os dois testículos). Esse aumento pode ser discreto ou exuberante, variando grandemente de um caso para outro.
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico, o médico deve primeiro investigar se o aumento do volume escrotal deve-se à presença de conteúdo líquido ou sólido no interior do escroto. Pode-se avaliar através do exame clínico ou exames como a ultra-sonografia
Tratamento
Nas crianças, normalmente opta-se por acompanhar o paciente e aguardar o fechamento espontâneo da comunicação, caso não haja hérnia associada (protrusão de órgãos abdominais para dentro do saco escrotal através do defeito). Se após 12 meses não houver regressão do quadro , opta-se pelo tratamento cirúrgico. No adulto, o tratamento é sempre cirúrgico. O procedimento realizado nesses casos visa facilitar a drenagem desses líquidos acumulados. O tratamento de escolha é cirúrgico , entretanto é descrito na literatura médica a opção por aspirar o líquido acumulado e injetar no local substância esclerosante, que oblitere a entrada do saco escrotal e, com isso, impeça que haja novo acúmulo. Este procedimento pode produzir infecção, fibrose e dor no local.
Complicações
Apesar de raras , após o procedimento cirúrgico de correção da hidrocele, podem aparecer hematomas (coágulos de sangue), abscessos (acúmulos de pus) e podem ser lesionadas estruturas peri-escrotais. Caso opte-se pela aspiração, as complicações esperadas são infecção, fibrose e dor no local, de intensidade leve a moderada.
A hidrocele geralmente não afeta a fertilidade ou a ereção, mas pode estar associada a doenças que afetem estas funções.
Prevenção
São desconhecidos fatores de risco para a hidrocele (fatores que aumentam as chances do indivíduo apresentar hidrocele), não havendo medidas preventivas outras a não ser as de evitar processos infecciosos gerais.
Fonte: NUPE – Núcleo Urológico Pernambuco