Os danos causados pelo cigarro à saúde já são amplamente conhecidos. Doenças cardiovasculares – entre elas o risco de infarto, câncer no pulmão, na laringe e na boca são algumas doenças, resultados comuns do tabagismo. Porém, o que muita gente ainda ignora é os efeitos do cigarro no risco de impotência sexual. Nos homens, esse aumento acarretado pelo tabagismo chega a 85%.
Os efeitos nocivos do cigarro, no entanto, não afetam a fertilidade masculina, mas adiam a possibilidade de uma gravidez. De acordo com o ginecologista Joji Ueno, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, muitas vezes a impotência é confundida com a infertilidade e por isso sempre foi um assunto cercado de tabus, medos e preconceitos. Entretanto, são problemas diferentes.
A infertilidade masculina é a incapacidade de ter uma gravidez após um ano de relações sexuais frequentes, sem o uso de métodos contraceptivos. Já a impotência é uma disfunção erétil que incapacita o homem de manter a ereção durante o ato sexual, explica o especialista, que também é responsável pelo setor de Histeroscopia Ambulatorial do Hospital Sírio Libanês e Diretor na Clínica Gera.
Estima-se que 10% da população masculina adulta sofra de impotência sexual. Só no Brasil, cerca de seis milhões de homens têm o problema. Também chamada de disfunção erétil, a impotência sexual é a incapacidade de iniciar e de manter uma ereção em pelo menos 50% das tentativas durante a relação sexual. Essa disfunção incapacita o homem a obter ou manter ereções suficientemente rígidas para a penetração vaginal impedindo a satisfação sexual.
Impotência tem cura?
Essa disfunção sexual masculina está relacionada a diversas doenças, e tratá-la envolve obrigatoriamente a descoberta de sua causa. Entre elas, estão os distúrbios psicológicos; as doenças hormonais (diabetes, queda de testosterona, problemas endócrinos); as doenças neurológicas (lesões na medula, mal de Alzheimer e Parkinson); as doenças vasculares, que causam entupimento das artérias e veias, prejudicando a chegada do sangue ao pênis (hipertensão arterial, aterosclerose); o consumo excessivo de medicamentos; o alcoolismo e o tabagismo.
Ueno explica que, no caso do fumo, acontece no pênis a mesma coisa que nas artérias coronárias. O uso contínuo do cigarro deixa as artérias entupidas e com pouca dilatação, diminuindo o fluxo nos vasos sanguíneos que percorrem o pênis. Por isso a ereção não ocorre, pois necessita de alta concentração de sangue na região.
O surgimento da impotência vai depender do consumo diário do cigarro, do tempo de tabagismo e da associação com doenças como diabetes e hipertensão. Os sinais e sintomas são claros e vão além da incapacidade de obter e manter a ereção: há redução do tamanho e da rigidez peniana; redução dos pelos corporais; atrofia ou ausência testicular; pênis deformado; doença vascular periférica; e até neuropatia (distúrbio das funções do sistema nervoso). Mas, não é necessário se preocupar.
– A impotência tem cura e o primeiro passo é o diagnóstico correto. Ou seja, após ser detectada por intermédio de um diagnóstico clínico, existirão vários recursos para tratamento – garante o ginecologista.
Joji Ueno